A revolução bancária no Brasil

Alumni em Pauta Blog Português (Brasil)

Assim como ocorre em outros setores da economia, o sistema bancário brasileiro ainda é amplamente conhecido pela alta concentração das suas atividades. De acordo com pesquisas realizadas em 2018, cerca de 80% do mercado era representado por apenas cinco bancos (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa e Santander). A baixa competitividade do setor traduz-se também nas principais reclamações dos brasileiros quanto ao desempenho das instituições: a alta burocracia dos serviços, os altos preços dos produtos e a baixa qualidade de entrega.

Apesar disso, nos últimos anos, a contínua evolução da tecnologia e crescimento do acesso à informação trouxe diversas mudanças para o mercado financeiro. As novas tendências do mercado impulsionaram mudanças nos posicionamentos dos órgãos regulatórios do sistema financeiro nacional, criando um ambiente mais flexível para mudanças e adaptações no setor bancário brasileiro.

Bianca Naomi, coordenadora de compliance no banco digital C6 Bank e também alumni do programa de Corporate Finance na Ohio University em fevereiro de 2019, reforça as principais mudanças assistidas no mercado até hoje e as suas perspectivas para o futuro do setor.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

Vimos que sua carreira sempre foi direcionada ao mercado financeiro/bancário, atuando na área desde 2014. Durante todo esse período de experiência, quais foram as principais transformações que você observou no setor?

Ao longo da minha trajetória profissional tive a oportunidade de atuar em diversas empresas distintas no setor financeiro, iniciando como estagiária no banco Itaú em 2013 e hoje atuando há dois anos como coordenadora da área de compliance no banco digital C6 Bank.

Olhando para trás, hoje vejo que uma das principais mudanças assistidas no setor foi no modelo de negócio das organizações. Com o surgimento de bancos digitais, de novos meios de pagamento e novas corretoras de investimentos, os bancos tradicionais foram obrigados a se reinventarem e repensarem seus modelos de negócios.

Com o aumento da competitividade no setor, a entrega dos serviços passou a ter menor custo e maior qualidade para o consumidor final. Os bancos digitais, por exemplo, em sua maioria não cobram taxas para serviços comuns, tais como transferências e saques.

Além disso, a inovação digital que estes novos players trouxeram ao setor também auxiliou na democratização dos serviços bancários. A facilidade de acesso e aprovação para abertura de contas fez com que parte da população, que antes ainda não era bancarizada, passasse a fazer parte da revolução do setor. Apesar disso, uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva no ano passado mostrou que cerca de 45 milhões de brasileiros não têm acesso a serviços financeiros.

A base regulamentar do governo e o Banco Central também tiveram de se adaptar aos novos players, analisando o novo cenário e impondo novos limites regulatórios em busca da manutenção da ordem no mercado e no processo de governança do setor.

Considerando a sua experiência profissional atual, quais você considera serem os principais desafios enfrentados por um banco 100% digital no Brasil?

Com aumento no número de novos entrantes no setor, a competitividade tornou muito similar os principais benefícios oferecidos pelos diversos players. Atualmente, a maioria das instituições já oferecem opções de contas isentas de taxas, transferências gratuitas e facilidades na aprovação de crédito.

Com essa equivalência entre os serviços oferecidos pelos bancos, eu vejo que atualmente o principal desafio do setor é a experiência do cliente. Acredito que o banco que conseguir se destacar nessa área vai tomar à frente da disputa pelo market share no país.

Como você acha que essa transformação digital pode afetar o sistema financeiro no Brasil? Quais são suas perspectivas para o futuro desse setor?

Acredito que a principal mudança prevista para o setor é uma inversão dos principais players do mercado e seus respectivos market shares. Atualmente o mercado financeiro ainda é dominado por um número pequeno de instituições bancárias, no entanto de acordo dados de um report realizado pelo Distrito Fintech, entre os anos 2000 e 2019 surgiram mais de 700 novas startups/fintechs.

A tendência é que cada vez mais pessoas estejam aderindo a utilizar plataformas digitais para as transações e produtos bancários de maneira orgânica – inclusive o público mais velho.

“Cada vez mais os bancos estão brigando para oferecer mais serviços, serviços melhores e a menores custos”. A transparência e as informações otimizadas e claras entre empresa e cliente são cada vez mais necessárias na hora que o cliente optar por um serviço financeiro.

Considerando sua trajetória, como você descreveria o impacto do LAIOB na sua vida (pessoal, profissional e afins)?

Eu vejo a experiência do LAIOB como algo único, diferente de qualquer tipo de viagem que já fiz.

Durante o programa tive a oportunidade de me inserir no meio acadêmico americano, a rotina universitária é realmente parecida com o que geralmente vemos nos filmes. A experiência agregou muito tanto em meu currículo, como na minha vida pessoal.

Dê uma dica, um conselho ou uma frase que te inspire e você gostaria de compartilhar com as pessoas.

Gosto muito de uma frase que um ex-gestor meu me disse: “Nós somos gestores da nossa própria carreira”. Acredito que nós temos que saber para onde queremos ir e devemos correr atrás disso, sem esperar que outras pessoas façam isso por nós.

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